Você sabia que o Brasil tem uma lei federal específica para garantir os direitos das pessoas autistas?
Desde 2012, com a entrada em vigor da Lei nº 12.764, mais conhecida como Lei Berenice Piana, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) passou a ser reconhecido legalmente como deficiência — o que transformou o acesso à saúde, educação, trabalho e assistência social para milhares de pessoas em todo o país.
Neste artigo, você vai entender:
- o que diz a Lei Berenice Piana;
- por que ela é válida em todo o Brasil;
- quais direitos ela garante às pessoas autistas;
- as mudanças recentes de 2025;
- e quem foi a mulher por trás dessa conquista histórica.
🌍 Uma lei que vale em todo o Brasil
Sancionada em 27 de dezembro de 2012, a Lei nº 12.764/2012 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
O artigo 1º é claro:
“A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.”
Por ser uma lei federal, sua aplicação é obrigatória em todo o território nacional — o que significa que nenhuma cidade ou estado pode se esquivar de cumpri-la.
🧩 O que a Lei garante?
A Lei Berenice Piana garante direitos fundamentais para as pessoas com TEA, como:
1. Diagnóstico precoce e atendimento multiprofissional
A lei obriga o poder público a garantir atenção integral à saúde, com:
- diagnóstico precoce (ainda que não definitivo);
- acesso a profissionais especializados;
- fornecimento de medicamentos e terapias;
- acompanhamento nutricional adequado.
2. Educação inclusiva
O autista tem direito à escola regular com suporte especializado, incluindo, quando necessário, acompanhante educacional (Lei nº 15.131/2025).
3. Inclusão no trabalho
A legislação estimula a inserção no mercado de trabalho, respeitando as particularidades de cada pessoa.
4. Assistência e previdência social
Acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada), aposentadoria por invalidez, auxílio-inclusão e outros direitos previstos para pessoas com deficiência.
5. Atendimento preferencial
Com a criação da CIPTEA (Carteira de Identificação da Pessoa com TEA), pessoas autistas têm direito a prioridade em filas, serviços públicos, transporte e saúde, como já ocorre com outras deficiências.
🍎 Nova garantia: nutrição adequada como direito legal
Em abril de 2025, a Lei Berenice Piana foi alterada pela Lei nº 15.131, que incluiu expressamente o direito à nutrição adequada e à terapia nutricional como parte dos cuidados essenciais de saúde.
Isso é muito importante, pois muitas pessoas com TEA enfrentam restrições alimentares severas, seletividade alimentar ou condições metabólicas específicas. Agora, o acompanhamento com nutricionista habilitado é um direito garantido por lei.
🚫 Discriminar é crime!
Pouca gente sabe, mas a Lei também proíbe qualquer forma de discriminação, abuso ou tratamento degradante contra pessoas autistas. E mais:
🔹 Recusar matrícula escolar por causa do autismo é ilegal e pode gerar multa e perda do cargo para o gestor da escola (Art. 7º).
🔹 Negar acesso a planos de saúde também é proibido, conforme o Art. 5º.
O respeito à dignidade da pessoa com autismo é uma obrigação legal — e o descumprimento pode gerar sanções civis, administrativas e até criminais.
👩👦 Quem foi Berenice Piana?
Berenice Piana é mãe de um menino autista e ativista incansável pelos direitos das pessoas com TEA no Brasil.
Foi dela a iniciativa que originou o projeto de lei, com forte mobilização de famílias, movimentos sociais e apoio popular.
Seu legado inclui:
- A criação da primeira Clínica Escola do Autista no Brasil;
- O reconhecimento internacional como Embaixadora da Paz;
- Homenagens por sua atuação em diversos estados.
A Lei leva seu nome como forma de honrar sua luta e representar o poder das famílias na construção de políticas públicas inclusivas.
✊ Conclusão: um marco que ainda transforma vidas
A Lei Berenice Piana é mais do que um texto legal — é um divisor de águas na história da inclusão no Brasil.
Ela garantiu às pessoas autistas voz, direitos e dignidade, abrindo portas para outros avanços importantes, como a Lei Brasileira de Inclusão (13.146/15) e a Lei Romeo Mion (13.977/20).
Ainda há desafios, claro. Mas cada família informada, cada profissional capacitado e cada cidadão que conhece seus direitos fortalece essa conquista.
🧠 Autismo é diversidade, não limitação.
📚 Direito não é favor — é ferramenta de inclusão.
Se você ou alguém que você conhece convive com o TEA, compartilhe esse artigo. Informação salva vidas e transforma histórias.
📌 Autora: Renata Valera – advogada, defensora dos direitos das pessoas neurodivergentes.
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