Muitas famílias de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda enfrentam obstáculos para garantir atendimento digno e contínuo na saúde, seja na rede pública (SUS), seja nos planos privados. O problema muitas vezes não está na falta de direito, mas na falta de informação.

Se você é mãe, pai, cuidador, profissional da saúde ou advogado, este conteúdo pode te ajudar a entender e exigir o que já está garantido em lei.


🧠 Terapias: o limite da ANS é o mínimo, não o máximo!

Você já deve ter ouvido que os planos de saúde só cobrem “X sessões” de terapia por ano, certo?

O que muitos não sabem — e os convênios nem sempre fazem questão de explicar — é que esse número não é um teto, e sim um piso mínimo obrigatório definido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Pessoas diagnosticadas com autismo (CID-10 F84 ou CID-11 6A02) têm direito a sessões ilimitadas, sempre que houver justificativa médica. Isso vale para:

  • Terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada),
  • Fonoaudiologia,
  • Psicologia,
  • Terapia Ocupacional,
  • Psiquiatria, entre outras.

📄 Como garantir esse direito?

Se o plano negar o aumento do número de sessões:

  1. Solicite ao médico ou terapeuta um relatório clínico detalhado com a indicação da quantidade necessária;
  2. Envie esse pedido à operadora de saúde com protocolo de recebimento;
  3. Em caso de negativa, peça por escrito e busque apoio jurídico — você pode recorrer à Justiça com base na Lei nº 12.764/2012 (Lei Berenice Piana), Código de Defesa do Consumidor e decisões do STJ (como o Tema 1060).

📌 No nosso artigo “Limite de sessões de terapia” explicamos o passo a passo para fazer esse pedido da forma correta.


💊 Medicação gratuita: sim, é possível — mas exige atenção!

Outro direito garantido é o acesso gratuito a medicamentos pelo SUS, inclusive para condições como:

  • Irritabilidade severa;
  • Ansiedade generalizada;
  • Déficit de atenção e hiperatividade;
  • Insônia crônica, entre outros sintomas associados ao TEA.

❗ Importante:

Para o SUS liberar os medicamentos, é necessário:

  • Receita com nome genérico do remédio (não o nome comercial);
  • Relatório médico que justifique o uso contínuo;
  • Registro atualizado do paciente no sistema do SUS.

Se o remédio for de alto custo ou não estiver disponível na rede pública, ainda assim é possível conseguir por meio de ação judicial, desde que o médico comprove a necessidade específica e que o tratamento não pode ser substituído por outro disponível no SUS.

📌 No nosso artigo “Medicação gratuita para autistas”, explicamos todos os documentos exigidos, prazos e como formalizar o pedido.


💰 FGTS pode ser usado no tratamento

Sim! Se o responsável legal de uma pessoa com TEA for trabalhador com carteira assinada, pode sacar o FGTS para custear o tratamento.

Esse saque é permitido nos casos de:

  • Transtornos graves ou crônicos;
  • Necessidade de terapias contínuas;
  • Gasto comprovado com medicamentos, equipamentos ou transporte.

É preciso apresentar laudo médico, relatórios e outros documentos exigidos pela Caixa Econômica Federal.


✊ Informação é autonomia

Mais do que nunca, conhecer os direitos é o primeiro passo para garanti-los.

Não aceite a primeira negativa do plano de saúde. Não se conforme com a fila ou falta de atendimento no SUS. E, principalmente, não se sinta culpado por buscar ajuda médica e terapêutica para seu filho ou paciente. Medicação e intervenção profissional não são fraqueza — são ferramentas de qualidade de vida.

🧠✨ Cuidar de alguém com TEA exige apoio, não preconceito. E a lei está do seu lado.

📌 Continue explorando nosso blog. Aqui, você encontra informação clara e prática para transformar direitos em realidade.


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