Quando falamos em inclusão, não estamos falando apenas de acesso à escola, mas também de algo que vem depois: a entrada no mercado de trabalho com dignidade, apoio e oportunidade real de crescimento.

Neste artigo, você vai entender:

  • Como funcionam as vagas PCD para autistas;
  • O direito à redução de jornada para pais e responsáveis;
  • Como encontrar emprego adaptado à realidade do autista;
  • E por que falar (ou não) sobre o diagnóstico ainda é uma escolha delicada.

🧠 O potencial existe – só precisa do ambiente certo

Muitas empresas que contratam pessoas com autismo percebem rapidamente: quando a atividade está alinhada ao perfil do autista, o desempenho é surpreendente.

Concentração elevada, atenção aos detalhes, apego a rotinas e normas, pensamento lógico… Tudo isso pode ser um diferencial no ambiente profissional.

✨ Só que, para florescer, o talento precisa de um ambiente respeitoso, adaptado e preparado para acolher.


📜 Lei de Cotas: autistas podem se candidatar a vagas PCD

Desde a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012), a pessoa com Transtorno do Espectro Autista é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.

Isso significa que o autista tem direito a concorrer a vagas reservadas pela Lei nº 8.213/1991, que obriga empresas com 100 ou mais funcionários a preencherem de 2% a 5% de seus cargos com PCDs:

  • até 200 funcionários: 2%
  • de 201 a 500: 3%
  • de 501 a 1.000: 4%
  • acima de 1.000: 5%

🔍 Onde encontrar vagas para autistas?

Se você é autista ou responsável por um, vale procurar:

  • Plataformas como Gupy, Indeed, LinkedIn e Empregos.com;
  • O CIEE (para menores aprendizes a partir dos 14 anos): www.ciee.org.br;
  • Agências especializadas como a Specialisterne Brasil, que prepara tanto os autistas quanto as empresas.

🎯 Dica: procure por “vaga PCD autismo + nome da sua cidade” no Google. Você pode se surpreender com as oportunidades.


🤐 Informar o diagnóstico é obrigatório?

Não necessariamente.

  • Se a vaga é PCD, o laudo é obrigatório.
  • Se a vaga é comum, a pessoa autista não precisa informar o diagnóstico — a não ser que deseje solicitar adaptações no trabalho.

🎯 Algumas adaptações possíveis:

  • Luzes menos intensas;
  • Fones para ruído;
  • Mudança de local de trabalho;
  • Ajuste de horário;
  • Comunicação escrita em vez de oral, entre outras.

📌 Se a empresa nega adaptações comprovadamente necessárias, isso pode configurar discriminação, segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).


👪 E os pais de autistas? Têm direito à redução de jornada?

Sim! E esse direito é pouco conhecido.

Servidores públicos

A Lei nº 13.370/2016 autoriza a redução de até 50% da jornada (sem redução salarial) para servidores federais com filhos ou dependentes com deficiência.

Isso já foi estendido por decisões judiciais e leis locais a:

  • Servidores estaduais e municipais;
  • Funcionários públicos sob regime CLT (como os dos Correios).

📝 É necessário comprovar:

  • A necessidade de terapias frequentes;
  • A ausência de outro acompanhante;
  • Que a presença do servidor é essencial ao tratamento do autista;
  • Que a perda salarial inviabilizaria o sustento familiar.

Iniciativa privada

Empregados da iniciativa privada não têm esse direito garantido por lei, mas podem negociar diretamente com a empresa por:

  • Banco de horas;
  • Acordo coletivo;
  • Redução proporcional com consentimento mútuo.

⚠️ Ações judiciais pedindo essa redução são possíveis, mas podem fragilizar o vínculo empregatício. Avalie com um advogado de confiança.


🔎 Resumo prático para famílias

SituaçãoDireito Garantido?Observações
Vaga PCD para autista✅ SimExige laudo médico
Trabalhar sem declarar diagnóstico✅ SimSó informe se desejar adaptação
Redução de jornada (servidor)✅ Sim, até 50%Sem perda salarial
Redução de jornada (iniciativa privada)⚠️ Possível por acordoJudicialmente possível, mas arriscado
Menor aprendiz autista✅ Sim, a partir de 14 anosDeve estar estudando

✊ Conclusão

O autista pode e deve ocupar seu lugar no mundo do trabalho.
Com o suporte certo, oportunidades justas e respeito às diferenças, o mercado só tem a ganhar.

E se você é mãe, pai ou cuidador, saiba: seus direitos também importam.

📌 Acompanhe nosso blog para mais dicas práticas, orientação jurídica e caminhos reais para fazer valer os direitos do autista.

🖊️ Por Renata Valera – advogada, ativista e defensora incansável dos direitos das famílias autistas.


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